As provas colhidas
durante a instrução do inquérito comprovam integralmente o teor da
representação. DEMÉTRIUS DO BIMBO,
então candidato à reeleição para o cargo de Vereador, custeou a construção da
ponte em benefício dos eleitores, utilizou máquinas, equipamentos e servidores
municipais na obra e orientou as testemunhas a mentirem sobre sua participação
nos eventos. Não é possível chegar a nenhuma outra conclusão que não seja a
ocorrência manifesta de captação ilícita de sufrágio. Não há desculpa para o
ocorrido. A despeito da convicção do candidato, até a mentira tem limites. Alias,
é justamente a torpeza do candidato à reeleição que emerge cristalina a autoria
do ilícito. É possível mesmo imaginar a expressão do candidato ao término da
reunião. Um sorriso maroto no rosto, a certeza da impunidade. Por dentro, a
sensação de vanglória, fruto da malandragem que iria ludibriar o Promotor de
Justiça... Ademais, DEMÉTRIUS DO BIMBO
nem se utilizou de interposta pessoa. Na verdade, nem se trata de compra velada
de votos. Tudo feito às escâncaras, tudo feito na certeza da impunidade. Ora,
ao serem intimados, os eleitores imediatamente contataram DEMÉTRIUS DO BIMBO. Por que fariam isso? E por que DEMÉTRIUS DO BIMBO se prestaria a fazer
parte de tão ignóbil e abjeto plano para mentir ao Ministério Público? A
resposta é simples, desnecessária até. Os eleitores procuraram por DEMÉTRIUS DO BIMBO porque a compra de
votos havia sido descoberta. Simples. E DEMÉTRIUS
DO BIMBO articulou o vergonhoso plano para assegurar sua impunidade.
Simples. Além disso – como se não fosse suficiente a já reprovável conduta – DEMÉTRIUS DO BIMBO ainda cometeu
evidente abuso do poder político. Valendo-se da posição de Presidente da Câmara
Municipal e de filho do atual Prefeito, propiciou a utilização de máquinas,
equipamentos e servidores públicos na construção da ponte, tudo em troca de
votos. Confiante na impunidade – que certamente não terá – DEMÉTRIUS DO BIMBO levou consigo à malfada reunião na qual tramou a
mentira que seria apresentada ao Ministério Público, o Secretário de Serviços
Municipais JORGE TOSTA. Na verdade,
para infelicidade dos bons e honestos, que são a maioria, que são aqueles que
trabalham duro para sustentar com dignidade suas famílias, a cidade parece
estar dominada pela corrupção. O Presidente da Câmara Municipal (DEMÉTRIUS DO BIMBO) compra votos para
se manter no poder. Como pagamento, utiliza máquinas, equipamentos e servidores
da Prefeitura Municipal, chefiada por seu pai (BIMBO). Conta, para tanto, com a colaboração de um secretário
municipal, nomeado pelo Prefeito que, mais uma vez frise-se, é pai do
investigado. E depois, temeroso das investigações, reúne as testemunhas e
juntamente com o secretário municipal (JORGE
TOSTA), as induz a mentir ao representante do Ministério Público, como
forma de obter a impunidade de sua conduta. Como se percebe, não só o Supremo
Tribunal Federal se vê as voltas de um julgamento que demonstra como o poder –
ou mais precisamente o medo de perdê-lo – corrompe os desonestos e sacrifica os
bons. Também nossa pequena cidade parece contaminada pelo câncer da corrupção. Os
honestos eleitores que votaram em DEMÉTRIUS
DO BIMBO – não aqueles que venderam seu voto, porque estes também são vis,
já que só há corrupto quando há quem corromper – certamente se envergonharão ao
ler estas singelas palavras. Ao encerrar o pedido, o Ministério Público esclarece
que “ajuizou a representação para que esses
honestos eleitores, para que o povo trabalhador e decente não tenha mais que se
envergonhar. O câncer da corrupção e da vileza não prosperará nesta cidade.”
(trechos extraídos da
AIJE nº 83877)
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