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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A CONCLUSÃO


As provas colhidas durante a instrução do inquérito comprovam integralmente o teor da representação. DEMÉTRIUS DO BIMBO, então candidato à reeleição para o cargo de Vereador, custeou a construção da ponte em benefício dos eleitores, utilizou máquinas, equipamentos e servidores municipais na obra e orientou as testemunhas a mentirem sobre sua participação nos eventos. Não é possível chegar a nenhuma outra conclusão que não seja a ocorrência manifesta de captação ilícita de sufrágio. Não há desculpa para o ocorrido. A despeito da convicção do candidato, até a mentira tem limites. Alias, é justamente a torpeza do candidato à reeleição que emerge cristalina a autoria do ilícito. É possível mesmo imaginar a expressão do candidato ao término da reunião. Um sorriso maroto no rosto, a certeza da impunidade. Por dentro, a sensação de vanglória, fruto da malandragem que iria ludibriar o Promotor de Justiça... Ademais, DEMÉTRIUS DO BIMBO nem se utilizou de interposta pessoa. Na verdade, nem se trata de compra velada de votos. Tudo feito às escâncaras, tudo feito na certeza da impunidade. Ora, ao serem intimados, os eleitores imediatamente contataram DEMÉTRIUS DO BIMBO. Por que fariam isso? E por que DEMÉTRIUS DO BIMBO se prestaria a fazer parte de tão ignóbil e abjeto plano para mentir ao Ministério Público? A resposta é simples, desnecessária até. Os eleitores procuraram por DEMÉTRIUS DO BIMBO porque a compra de votos havia sido descoberta. Simples. E DEMÉTRIUS DO BIMBO articulou o vergonhoso plano para assegurar sua impunidade. Simples. Além disso – como se não fosse suficiente a já reprovável conduta – DEMÉTRIUS DO BIMBO ainda cometeu evidente abuso do poder político. Valendo-se da posição de Presidente da Câmara Municipal e de filho do atual Prefeito, propiciou a utilização de máquinas, equipamentos e servidores públicos na construção da ponte, tudo em troca de votos. Confiante na impunidade – que certamente não terá – DEMÉTRIUS DO BIMBO levou consigo à malfada reunião na qual tramou a mentira que seria apresentada ao Ministério Público, o Secretário de Serviços Municipais JORGE TOSTA. Na verdade, para infelicidade dos bons e honestos, que são a maioria, que são aqueles que trabalham duro para sustentar com dignidade suas famílias, a cidade parece estar dominada pela corrupção. O Presidente da Câmara Municipal (DEMÉTRIUS DO BIMBO) compra votos para se manter no poder. Como pagamento, utiliza máquinas, equipamentos e servidores da Prefeitura Municipal, chefiada por seu pai (BIMBO). Conta, para tanto, com a colaboração de um secretário municipal, nomeado pelo Prefeito que, mais uma vez frise-se, é pai do investigado. E depois, temeroso das investigações, reúne as testemunhas e juntamente com o secretário municipal (JORGE TOSTA), as induz a mentir ao representante do Ministério Público, como forma de obter a impunidade de sua conduta. Como se percebe, não só o Supremo Tribunal Federal se vê as voltas de um julgamento que demonstra como o poder – ou mais precisamente o medo de perdê-lo – corrompe os desonestos e sacrifica os bons. Também nossa pequena cidade parece contaminada pelo câncer da corrupção. Os honestos eleitores que votaram em DEMÉTRIUS DO BIMBO – não aqueles que venderam seu voto, porque estes também são vis, já que só há corrupto quando há quem corromper – certamente se envergonharão ao ler estas singelas palavras. Ao encerrar o pedido, o Ministério Público esclarece que “ajuizou a representação para que esses honestos eleitores, para que o povo trabalhador e decente não tenha mais que se envergonhar. O câncer da corrupção e da vileza não prosperará nesta cidade.”
(trechos extraídos da AIJE nº 83877)

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