segunda-feira, 24 de novembro de 2014
DEU NO ESTADÃO...
EX-SERVIDOR DIZ QUE PAGAVA “PEDÁGIO” NA ASSEMBLEIA
Testemunha afirma que
parte de seu salário tinha de ser devolvida mensalmente; segundo relato,
dinheiro tinha destino dois deputados estaduais
O Ministério Público
Estadual investiga suspeitas de um esquema instalado na Assembleia Legislativa
de São Paulo por meio do qual funcionários teriam de devolver parte do salário
recebido O dinheiro, segundo relatos feitos a promotores por uma testemunha
cujo nome vem sendo mantido sob sigilo, tinha destino final deputados
estaduais.
A reportagem da Rádio
Estadão conversou com essa testemunha, que trabalhou durante nove meses da
Assembleia durante a atual legislatura. Também ouviu outros cinco funcionários
que permanecem no Legislativo paulista. Sob condição de terem seus nomes
mantidos sob sigilo, todos confirmaram o pagamento, apelidado internamente de “rachid”
e também conhecido como “pedágio”. “É um segredo de “polichinelo”, que tudo
mundo sabe que existe”, disse um desses funcionários.
A testemunha-chave já
ouvida pelo Ministério Público detalhou ‘a rádio como era feita a devolução de
parte de seu salário. “Todo quinto dia útil do mês eu pegava o dinheiro no
banco do Brasil e levava até a Alessandra Crusco na sala do DSG (Departamento
de Serviços Gerais). Ela repassava para o André Pinto Nogueira e ele dizia que
esse repasse era para os deputados Aldo Demarchi e Edmir Chedid”, afirmou o
ex-servidor, que ganhava R$ 3.400 e diz que tinha que devolver R$ 1.600.
Gabinetes. Citado
como ponte entre os funcionários que devolvem o dinheiro e os deputados
estaduais, André Pinto é servidor comissionado e ganha cerca de R$ 18 mil por
mês. Ele está lotado na 2ª Secretaria da Assembleia, comandada por Edmir Chedid
(DEM). Antes, ele trabalhou no gabinete de Aldo Demarchi (DEM).
Nogueira já foi
condenado pela Justiça Federal, em primeira instância, por improbidade em
relação à licitação de uma empresa da qual é acusado de ser sócio oculto, a
Gear Tecnology. O patrimônio de André Pinto Nogueira será alvo da investigação.
O promotor Otávio
Ferreira Garcia, responsável pelo caso, afirma que prioridade do Ministério
Público é investigar, agora, a participação de assessores que serviam como
ponto do esquema. Ele afirma que deve pedir a quebra do sigilo dos suspeitos: “Podemos
pedir à Justiça o afastamento do sigilo bancário e fiscal de pessoas
identificadas, para fazer a confrontação desses dados e verificar se tem alguma
discrepância que comprove esses saques em contas de favorecidos”.
O promotor espera que
mais pessoas denunciem a devolução de salários da Assembleia.
Foro privilegiado. Já
os deputados estaduais só poderão ser investigados a partir da
Procuradoria-Geral de Justiça paulista, pelo fato de terem foro privilegiado. O
caso, no entanto, ainda não foi enviado ao procurador-geral, Márcio Fernando
Elias Rosa.
Fonte – O Estado de
São Paulo – 24 de novembro de 2014.
Sérgio Quintella,
Luiz Vassallo/Rádio Estadão/O Estado de São Paulo
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
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